Anarquia


Meu amigo me informou
Que assim chorou
Ele que é tão revolucionário
Ao ver a miséria do salário

Ele disse: “Assim não fica!”, todo insatisfeito
Esse sistema deve ser refeito
Eu falei: “Concordo, quero um perfeito”
“Expulsando do presidente ao prefeito.”

Chamei meu pai, sua mãe, nossa tia
Pra essa tal de anarquia, Pra essa tal de anarquia
Chamei Romeu e Julieta, João e Maria
Pra essa tal de anarquia, Pra essa tal de anarquia

Me convidaram a ir prum comício
Mas pra mim é suicídio
Pois quando a coisa ficar boa pra vocês.
Acho na rua nota de seis.

Meu amigo continuou: “Vamos arremessar bombas de amônio”
“Vamos causar um pandemônio”
“E vai muita gente, pôr fogo na tela.”
Interrompi-o e disse: Amigo vai na frente,que eu vou mas...
...Só depois da novela.

Sorria,Sorria!


Sorria,Sorria

Houve uma moça certa vez, que amargurada vivia

Esta encontrou um sábio que ativamente lhe dizia:

- Sorria, Sorria!

- Mas, isso é impossível para mim!

- Ora, mas o que lhe deixou assim?

- É que meu mundo é disforme.

- Sorte sua não ser algo uniforme. – Tudo nele ainda se transforme e você que se conforme.

- Mas não há nada de belo em meu lar.
- Então saia dele e passe a sociedade olhar. – 

Veja aquelas belas nuvens de fumaça que saem dos carros, veja as diversas formas de se matar alguém, veja o descaso com aquele que se chama ninguém. Veja as caças, a destruição e o incêndio, é ou não é cenário esplêndido?

- O que você diz são apenas palavras rudes.

- Claro que não. Isso foi o que o homem inventou, acredito que o nome seja Humor. As desgraças são novas anedotas para se dar risadas. – Agora se sofreres traição, corre em busca de outra paixão. Pois há de sofrer de novo e é por isso que deves sorrir.

- Que papo absurdo, devo partir.

- De jeito nenhum, não te deixarei ir.

A mulher então sacou uma faca e lhe enfiou no peito.

O homem deitado ainda pôs se a sorrir.

- Ainda estás a rir?
- Claro. Pois sei que meu dever já cumpri. Lembre-se:Graças à toda trama,aprendes com a bela moça Poliana.Com o auxílio de sua visão utópica enxergue tudo por outra óptica.E mais uma coisa:

- E o que é?

- Junte toda sua alegria e Sorria, Sorria!

Após dizer isso desfaleceu A polícia então logo apareceu.

Entregaram-lhe roupas listradas brancas e negras e lhe disseram:

- Agora é hora da foto.

Ela então preparou a pose.

- Mas não fique desta forma. - Disse o fotográfo

- Então de que forma você quer que eu fique?

- Do jeito que está apenas... Sorria!

 As gargalhadas perduraram até a chegada da camisa de força

A Midsummer Night´s Dream


"Junto de vós todo o universo está comigo. Como podeis então dizer que estou só, quando o mundo inteiro aqui está para me ver?"


"Enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança."

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. 
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. 
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."

"É rápido como uma sombra, curto com um sonho
Breve como um relâmpago na noite fria
Que com melancolia revela tanto o céu quanto a terra
E antes que o homem consiga dizer "Veja!"
Os dentes da noite o devoram.
E assim, depressa, tudo o que é luminoso
Desaparece em meio à perplexidade"

“Ó noite fatigante, longa e tediosa, apresse suas horas. Que os raios fulgurantes que vêm do oriente logo possam brilhar para que a luz do dia me ilumine e eu consiga voltar para casa, bem longe de todas essas pessoas que me detestam e maltratam... E você, sono, que ás vezes consegue fechar os olhos da dor, caia sobre mim pesadamente..."

(William Shakespeare)




The Tyger

The Tyger (William Blake)
Tradução Livre.


Tigre, Tigre de brilhante ardente
Nas florestas da noite
Que olho ou mão imortal
Moldaria tua temerosa simetria?

Em que distantes profundezas e céus
Queimou-se o fogo dos teus olhos?
Com que asas atreveu-se a se elevar?
Com que mão arriscou a pegar o fogo?

E que ombro e que arte então,
Pôde retorcer os tendões de teu coração?
E quando teu coração começou a bater
Que pavorosa mão e horrível pé?

Que martelo?Qual a corrente?
Em qual fornalha fez-se teu cérebro?
Com qual bigorna?Qual o aperto?
Atreveu-se a encerrar seus horrores mortais?

Quando as estrelas jogaram suas lanças,
E aguaram o paraíso com suas lágrimas,
Sorriu ele ao ver seu trabalho?
Fora o que fizera o cordeiro o mesmo que fez a ti?

Tigre, Tigre de brilhante ardente
Nas florestas da noite
Que olho ou mão imortal
Moldaria tua temerosa simetria?